"COMO ESTÁ O NOSSO TEATRO", por Ací Campelo




No nosso livro História do Teatro Piauiense, coloco que o nosso teatro começou suas apresentações dentro dos casarões e nos quintais das casas de senhores abastados da antiga capital Oeiras, ainda no século XIX. Até aí tudo bem, pois não existiam teatros, ou seja, a casa de espetáculos. Quando a capital mudou para Teresina continuou a mesma coisa por algum tempo. Também não existia casa de espetáculos.

Hoje, o Piauí conta com vários teatros e espaços aptos a apresentações teatrais espalhados pelo Estado. Cidades como Bom Jesus, Floriano, Parnaíba, Picos, José de Freitas, Piripiri, União e Teresina contam com seus teatros. Só na capital são mais de quatro. A pergunta é - Onde estão os nossos espetáculos? Quem assiste aos nossos espetáculos? Boas reflexões. Mas por que acontece isso? Culpa de quem? Preciso colocar que o teatro piauense não está em nenhum projeto de políticas culturais do governo, seja do Estado ou da prefeitura. Só para ter uma ideia, espaços como o Sesc e o Centro de Convenções cobram absurdos em suas pautas. Sem qualquer chance de ocupação para grupos locais. Portanto, falta estímulo à circulação e à montagem de espetáculos.

Nesse cenário adverso, como grupos, companhias ou coletivos locais podem existir? Ah, tem que ser esforço da própria classe! Como? Vamos só a um dado desses grupos, companhias ou coletivos locais. Muitos deles, com 20, 30 e 40 anos de existência, não têm sequer uma sede própria. Produzem seus espetáculos nas casas dos diretores ou de membros do próprio grupo. Negligência dos próprios grupos? Fica a discussão.

Portanto, esse é o retrato do momento de nosso teatro, que parece não estar em lugar nenhum, a não ser nas redes sociais, porque a produção é escassa e sempre produzida pela iniciativa gigante de pessoas compromissadas com a profissão. Com tão pouca produção, não existe continuidade e o público perde o fio da meada. 

E assim, infelizmente, o nosso teatro continua a contar com um público de amigos ou de artistas, que nem sempre assistem aos espetáculos locais, mesmo porque peças não são feitas nem produzidas para amigos e artistas. Claro que todos contam, mas é preciso sair da bolha e alcançar o público em geral.

12 de setembro de 2025
via blog do autor:


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