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4.5.24

Oferenda, por Paulo Veras




Trago nas mãos um resto da noite passada
e entre os dedos o suco das estrelas
que como sábias irmãs
me fizeram companhia

Faltou tua orelhinha de búzio
onde eu escutava as marés
e retirava o sal amargo
com a língua em arpão

Esta memória de hoje
é apenas o retrato morto
de um corpo com impressões digitais
sobre a pele
Uma lembrança
que traz de volta
uma dor antiga
uma ferida que é uma boca
de tão aberta

E este peito
está tão cinzento
que chego a pensar
que chove nas vísceras



em POEMÁGICO: a nova alquimia do verbo
Teresina, Projeto Petrônio Portela 1985