no calçamento da cidade
tropeça
o pensamento do poeta
(já vai longe o tempo
em que se corria no meio da rua
e o loucos
só atiravam pedra na lua
só atiravam na lua
se retiravam na lua)
quem se importa com a porta?
há tantas e tortas para se abrir
cai a primeira pétala
por sobre a pérola do olhar perdido
- é o infinito que termina
no incidente da próxima esquina
é o espelho que reflete (vermelho)
a rosa par (t) ida
a ilha ferida
no último bote da serpente ocidental
(qual é o mar
em que homens azuis carregam fuzis
e descarregam mísseis
nas costas do povo?)
é hora de botar as barbas de molho
abrir o olho e erguer o malho
porque à noite
os cães rosnam como cães
a cidade dorme como um anjo
e o poeta está no olho da rua
o sol não tarda a raiar
Laerte Magalhães
Cian, cobre todas as coisas