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5.4.20

Os vareiros do Rio Parnaíba, tema esquecido pelo Piauí, por Jorge Baleeiro de Lacerda


Em 1977, durante uma semana, estive em Parnaíba, Piauí, a que voltei outras vezes. Dessa feita, uma das figuras que conheci e com quem fui à Pedra do Sal foi o jornalista e escritor Raymundo de Souza Lima, que estudava os vareiros, os porcos-dágua, no dizer popular, do Rio Parnaíba, homens que passavam, com varões de até oito metros, as embarcações que faziam o trecho entre Terezina e Parnaíba, no tempo áureo da carnaúba, do babaçu e do couro.

Raymundo de Souza Lima, na praia da Pedra do Sal, costa do Piauí em janeiro de 1977

Até hoje, o Piauí ainda não publicou uma obra de peso sobre os vareiros, embora M Paulo Nunes, do Conselho Estadual de Cultura, tenha se dedicado muito a temas piauienses em sua revista Presença, publicada pelo CEC.

Lembro-me do carinho com que Raymundo de Souza Lima tratava o tema, que conhecia tão bem por tê-lo vivenciado nos anos 30 e 40.

No clássico Beira-Rio Beira-Vida, de Assis Brasil, o tema não é abordado, apenas faz referências. O assunto central é a prostituição, vida mundana à beira do rio que banha a cidade de Parnaíba.


Recentemente sugeri ao deputado federal Hugo Napoleão (que não foi reeleito, interrompendo 40 anos de vida pública) que publicasse pelo seu gabinete um livro ou uma plaquette sobre os vareiros do Rio Parnaíba, mas acho que não apareceu ninguém interessado em abordar o tema nem foram achados os apontamentos de Souza Lima.

Quando vivo, perguntei a Fontes Ibiapina, um dos mais notáveis escritores, por que não abordava o tema. Disse-me que lhe faltava experiência ribeirinha, convívio com o Vello Monge (o Parnaíba). Era do interior do Piauí, não da beira do rio, daí o seu desinteresse pelos vareiros, mas não descartava a possibilidade de uma dia escrever. Não teve tempo.


Oxalá a Prefeitura de Parnaíba e seus amigos da extinta Folha do Litoral, do saudoso Batista Leão, achem o manuscrito de Os Vareiros do Rio Parnaíba para que a cultura do Piauí ganhe esse estudo sobre um dos tipos mais tradicionais, hoje esquecido, pelo conselho de cultura do Estado de Da Costa e Silva. Fica o lembrete para Cineas SantosM Paulo Nunes, baluartes da cultura na velha Chapada do Corisco.


Jorge Baleeiro de Lacerda
Coluna BRASILIDADE PARANISMO SUDOESTE
Publicado originalmente em 31/01/2015 08:45, via