"SOBRADÕES", por H. Dobal




O tempo antigo se destrói
nestes sobrados prostituídos. 
Aqui outrora se falou de amor, 
se fez amor nestas alcovas 
onde hoje os carinhos se compram.
Aqui moravam barões e baronesas.

Os trabalhados balcões 
de ferro e de madeira.
A rótula discreta. As tábuas
largas longas do assoalho
onde os passos rangiam
e coração ressoava. 
A íngreme escada onde o desejo 
subia com os seus disfarces. 
Hoje são sobradões deteriorados. 
São bordéis. E aqui o amor se revoga, 
o tempo antigo morre de novo.



A Cidade Substituída
Teresina, Oficina da Palavra: 2007


Comentários