a cidade frita é um alucinógeno, Lucas Rolim
[procurando um bar na frei serafim]
o calor de 1000fps derrete a cidade em super slow motion
a liquidez dos pedestres e do dia evapora diante de pupilas detonadas
as retinas absorvem delírios litúrgicos no compor das multidões
a balburdia dos pés pavimenta a bad trip dos passantes
os pombos engolem a luz e espalham-na pelos picos das cabeças:
regurgitam quarenta e 1 graus de insolações nas epidermes secas
nos olhos, o ruminar da lisergia induzida pela sensação térmica
cria imagens psicodélicas que se perfazem na dança solar
a expansão dos ossos colapsa a estrutura das marquises
calçadas desenham o efeito do calor ao longo do corpo
e homens-camaleão deslizam pela sombra no horário de almoço
o dia ácido amplifica as alucinações dos estudantes
no torpor dos malabares, dos carros e dos mendigos
*A Cidade Frita: livreto do poeta Rodrigo M Leite
Poema enviado pelo autor