O Ferreiro e o Martelo, por Elio Ferreira
Ao meu pai Aluízio Ferreira, in memoriam
Ele acorda de manhã,
Bem cedinho,
Na hora dos passarinhos,
O martelo TEM TEM TEM…
O meu pai é ferreiro,
Ele acorda a casa,
Acorda a vizinhança,
Acorda a minha rua,
Acorda o bairro inteiro,
O martelo TEM TEM TEM…
O meu pai é ferreiro,
Um menino puxa o fole:
A oficina, a forja, o fogo,
O ferro em brasa, a bigorna,
A tenaz e a geometria do ferro,
O martelo TEM TEM TEM…
O meu pai faz enxada, foice e machado.
O meu pai faz chocalho, espora, brida e cabeçote.
O meu pai faz faca, facão, rifle e espingarda.
O meu pai faz marca de ferrar e ferradura.
O meu pai faz porca, parafuso, portas e portões.
O meu pai faz o diabo-a-4 de ferro.
O martelo TEM TEM TEM…
O meu pai é ferreiro,
Ele conta histórias bonitas para mim,
Ele acorda de manhã
Bem cedinho,
Na hora dos passarinhos.
O martelo TEM TEM TEM.
Publicado na Revista Acrobata
em 11 de setembro de 2019