Aurorianas, Gregório de Moraes
Sol de longe
De cima da serra
Dos lados distantes
De mundos sem fim!
Sol-menino
Na janela - no quarto
Que auroras trouxestes
Que auroras - pra mim?
Manhãs dadivosas
Meu lar, minhas trovas
Histórias saudosas
Que o tempo guardou
Casinha esquecida
Nas flores perdida
Discreta - escondida
Canteiro de amor
Manhãs delirantes
Mamãe - como dantes
Saudosos distantes
Os tempos se vão
Meu pai trabalhando
Madeiras serrando
Auroras somando
No meu coração
Saudade-menina
Amor-Teresina
Assim pequenina
Tu lembras de mim?
Eu sou teu poeta
Teu grande profeta
Que luzes projeta
De Cantos assim!
Quintal de minha casa
Sobre o chão da cajazeira
enflorescida
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Aquelas cantigas
De modas antigas
Amigos! Amigas
Catai outra vez
No chão alourado
De flores guardado
Cantai no passado
Quem forte me fez!
Cantai as bonanças
Cantai as esperanças
Alegres crianças
Cantai sem parar
Cabelos grisalhos
Os meus - qual retalho
São pingos de orvalhos
Viver - caminhar
Meu Deu que destino
"Do canto fiz hino"
Igreja meu sino
Relógio do "amém"!
Fiz louros versos
De sóis tão diversos
Cantei os inversos
Tristezas também.
Gregório de Moraes
em Auroras Perdidas
Rio de Janeiro: 1970