23.1.16
TERESINA
para g.c.
Levei horas em teu caminho
e ao te encontrar
mergulhei
pela tenras flores de tuas mãos
Vi que estavas em cada pequena fresta
de meu impreciso contorno
Adestrei minha vontade voraz de devorar tuas palavras
em cada canto teu descobri uma saudade
daquilo que eu jamais conhecera
Ana Paula Pedro
em TERESINA: Um Olhar Poético
Teresina: FCMC, 2010
Organização de Salgado Maranhão
DEFINIÇÃO, por Torquato Neto
Teresina:
ausência
de uma presença...
presença
da mesma ausência
só memória na memória
sempre viva.
só saudade... só distância
só vontade.
...e um ardor medonho no peito.
(Rio, 23/08/62)
22.1.16
FAZIA SOL... NO RIO NÓS DOIS...
Naquele dia lá no rio nós dois
quais dois delfins espadanando nágua,
brincávamos com puerícia louca,
sorríamos sem meditar em mágoas.
Eu via as curvas brancas dos teus seios
de líquidas pérolas matizadas...
Ai! vibraram em mim tamanhos desejos,
meu corpo ardia - volúpias alarmadas!
O sol tão brando "curiava" ao longe
perlongando as curvas do maiô escasso
com a sutileza dos intrusos raios...
Nós dois sorríamos um sorriso lasso
esquivantemente a devolver carinhos...
e o sol ao longe olhando com olhar devasso!
Humberto Guimarães
em JUVENÍLIAS
LOURO, Herculano Moraes
À memória de Euclides Marinho.
Tinha a loucura do espaço,
a lúcida vertigem do sonho.
Sua vida era um filme inacabado
como o próprio amor.
Planava no espaço como um gavião
- os cabelos ensolarados
pela vida.
(que será do espaço
sem o sol dos seus cabelos?
que será da nuvem
que brincava de ter medo
ao seu planar?
que será da vida
derrotada em pleno espaço?)
Projétil a esmo,
asas sem rumo,
pássaro ferido
arremessado no tempo.
O coração enciumado da terra
manchado de sangue.
O coração dos homens
torturado de dor.
Herculano Moraes
em SECA, ENCHENTE, SOLIDÃO
Editora EMMA: Porto Alegre, 1977
Tinha a loucura do espaço,
a lúcida vertigem do sonho.
Sua vida era um filme inacabado
como o próprio amor.
Planava no espaço como um gavião
- os cabelos ensolarados
pela vida.
(que será do espaço
sem o sol dos seus cabelos?
que será da nuvem
que brincava de ter medo
ao seu planar?
que será da vida
derrotada em pleno espaço?)
Projétil a esmo,
asas sem rumo,
pássaro ferido
arremessado no tempo.
O coração enciumado da terra
manchado de sangue.
O coração dos homens
torturado de dor.
Herculano Moraes
em SECA, ENCHENTE, SOLIDÃO
Editora EMMA: Porto Alegre, 1977
O TERROR DA VERMELHA, de Torquato Neto
Parte 1:
Parte 2:
Parte 3:
Direção: Torquato Neto
É o caso de sua única produção como diretor, "O Terror da Vermelha'', que veio a ser exibida publicamente pela primeira vez em 2001, 28 anos após sua morte, na mostra "Marginalia 70 - O Experimentalismo no Super-8'', evento que fez parte do projeto "Anos 70; Trajetórias'' do Itaú Cultural sob a curadoria do professor Rubens Machado Jr. O valor desta exibição está no fato de que assim se resgata um documento de um período singular da recente produção cultural do país. Seu significado é muito maior do que o que emana da aura romântica desprendida de seu suicídio. O Terror da Vermelha é o registro incontestável da verve e do domínio por Torquato Neto dos fundamentos da linguagem cinematográfica, um de seus lados ocultos que ficou adormecido na virtualidade do seu mito marginal. Até então o que havia era apenas a referência ao filme em dois textos poéticos que constam da segunda edição dos Últimos Dias de Paupéria (p.339-346), no qual Torquato fixa uma espécie de roteiro que mais tarde servirá de base para a montagem feita por Carlos Galvão em 1973. Torquato nunca chegou a ver seu filme montado. A montagem que foi exibida na mostra em 2001 foi feita por Ana Maria Duarte, que foi casada com o poeta. Carlos Galvão também montou uma outra versão, com algumas cenas que não constam da montagem de Ana Maria Duarte e com uma trilha sonora diferente. O resultado é, em termos gerais, praticamente o mesmo, contudo na versão de Galvão as imagens onde aparecem as "palavras-cenário'' (VIR, VER, OU, AQUI e ALI) estão mais nítidas. Na primeira versão, montada dor Ana Maria Duarte e que foi exibida publicamente em 2001 a trilha sonora oscila de uma atmosfera tropicalista para o suspense que precede os confrontos nos filmes de western.
Direção: Torquato Neto
Elenco: Edmar Oliveira, Conceição Galvão, Geraldo Cabeludo, Claudete Dias, Torquato Neto, Etim, Durvalino Couto, Paulo José Cunha, Herondina, Edmilson, Carlos Galvão, Xico Ferreira, Arnaldo Albuquerque e os pais de Torquato, Heli e Salomé.
(...)
É o caso de sua única produção como diretor, "O Terror da Vermelha'', que veio a ser exibida publicamente pela primeira vez em 2001, 28 anos após sua morte, na mostra "Marginalia 70 - O Experimentalismo no Super-8'', evento que fez parte do projeto "Anos 70; Trajetórias'' do Itaú Cultural sob a curadoria do professor Rubens Machado Jr. O valor desta exibição está no fato de que assim se resgata um documento de um período singular da recente produção cultural do país. Seu significado é muito maior do que o que emana da aura romântica desprendida de seu suicídio. O Terror da Vermelha é o registro incontestável da verve e do domínio por Torquato Neto dos fundamentos da linguagem cinematográfica, um de seus lados ocultos que ficou adormecido na virtualidade do seu mito marginal. Até então o que havia era apenas a referência ao filme em dois textos poéticos que constam da segunda edição dos Últimos Dias de Paupéria (p.339-346), no qual Torquato fixa uma espécie de roteiro que mais tarde servirá de base para a montagem feita por Carlos Galvão em 1973. Torquato nunca chegou a ver seu filme montado. A montagem que foi exibida na mostra em 2001 foi feita por Ana Maria Duarte, que foi casada com o poeta. Carlos Galvão também montou uma outra versão, com algumas cenas que não constam da montagem de Ana Maria Duarte e com uma trilha sonora diferente. O resultado é, em termos gerais, praticamente o mesmo, contudo na versão de Galvão as imagens onde aparecem as "palavras-cenário'' (VIR, VER, OU, AQUI e ALI) estão mais nítidas. Na primeira versão, montada dor Ana Maria Duarte e que foi exibida publicamente em 2001 a trilha sonora oscila de uma atmosfera tropicalista para o suspense que precede os confrontos nos filmes de western.
O Terror da Vermelha foi rodado em 1972, quando Torquato Neto voltou para Teresina a fim de se internar para uma desintoxicação. Neste ponto de sua trajetória todas as rupturas com os companheiros tropicalistas já tinham se dado e as crises eram constantes. Do convívio com um então grupo de estudantes que se articulava em torno do jornal Gramma, do qual participava Carlos Galvão, nasceu o elenco da única produção que teve Torquato Neto na direção.
"(...) fui a Teresina pelo início de
junho (sanatário (sic) meduna), entrei
em contato com os rapazes que
haviam feito o jornal gramma e
Partimos para um superoito de metragem média que resultou neste
O TERROR DA VERMELHA (ou qual outro nome escolherem).''
(TORQUATO NETO. Úlimos Dias de Paupéria, página 339)
Trecho do artigo "O Terror da Vermelha: estética da agressão e rigor formal de Torquato Neto no cinema" de Silvio Ricardo Demétrio, da Universidade de São Paulo
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21.1.16
CHAPADA DO CORISCO (1979) - Clodo, Climério & Clésio
Lado A
1. Rixa [Clodo/Climério] 00:00
2. Flor do Coqueiro (Pita) [Clésio/Clodo] 02:10
3. Morena [Naeno] 05:27
4. Chapada do Corisco [Clodo/Climério] 10:01
5. Dia Claro [Dominguinhos/Clésio] (Part. Esp.: Dominguinhos) 12:55
Lado B
6. Oferenda [Clésio/Clodo/Climério] (Part. Esp.: Fagner) 17:40
7. Modo de Ser [Clodo] 20:48
8. Timom [Clésio/Climério] 24:13
9. Enquanto Engoma a Calça [Ednardo/Climério] 28:31
10. Revelação [Clésio/Clodo] 31:45
(...)
CHAPADA DO CORISCO | Clodo/Climério
eu me conheço
eu não me arrisco
eu não mereço
ficar longe da chapada do corisco
é que a cidade é verde
é que ela me amadurece
é que eu vim de lá menino
e nada me acontece
quem sabe o que quer
fuma qualquer cigarro
traça qualquer pinga
tira qualquer sarro
quem não sabe sabe
não conhece bem
quem ensina o cabe
não cabe ninguém
(...)
TIMON | Clésio/Climério
o Timon não tá no barco
tá na terra
do outro do rio eu chego lá
vou ver meu amor
entre mágoas que esse rio não separa
corre essa canoa embarcação
pra ver meu amor
(...)
Segundo álbum dos irmãos piauienses Clodo, Climério e Clésio. Lançado pelo selo Epic da gravadora CBS, cuja direção artística estava sob o comando de Fagner. O LP se chamou Chapada do Corisco (título de uma das faixas, assinada por Clodo e Climério) e contou com a participação dos músicos Manassés, Abel Ferreira, Dino das 7 Cordas, Tuti Moreno, Dominguinhos e o próprio Fagner, dentre outros. Estão presentes no disco as faixas "Revelação", sucesso na voz de Fagner, e "Timon", regravada por Marlui Miranda em seu álbum "Revivência". A capa do LP foi criada por Fausto Nilo, juntamente com Januário Garcia.
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20.1.16
SIGLAS POÉTICAS & OUTROS LANCES
APEP - CCEP - LOTEPI?
$ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $... e só!
FDP - H.G.V. - CRP?
Briga... bate/mata... prende.
FAGEP - IAPEP - FAZENDA?
E a renda? Onde é que está a renda?
UFPI - CODIPI - CCNIPE - COHAB?
? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?... e Itaraté II!
PTB - PSD - PC do P?
Quem disse que Paulo César voltará pro Parnaíba?
COBAL - PMT - CBD - FRIPISA?
"E eis a relação dos congelados..."
CEPISA - AGESPISA - TELEPISA e o Bacalhau?
Eternos preços de semana-santa.
PETROBRÁS - OPEP - e IDI AMIM?
Em cartaz: "Em busca de um crioulo doido".
OTEP - DDT - Prece Poderosa?
"Há no ar um estranho perfume que mata".
PIEMTUR - ODD ou OMO?
Prefiro sabão de coco. É muito mais útil...
FUNAI - FEEMA e SUDAM?
"Temos índio a molho-pardo e Juruna grelhado com
batatas fritas".
Bah! Com tanta sigla,
tanta inoperância
e tantos projetos estatísticos
Venâncio do Parque
em VIA CRUCIS - Verso e Prosa
RUA DA PALMEIRINHA, Herculano Moraes
A rua da palmeirinha
perdeu seu nome de origem,
como as outras ruas.
A palmeirinha era símbolo
da rua dos meus meninos.
Dos meninos que se perdiam
pela baixa-do-chicão.
A baixa-da-égua já mudou de nome,
mudou de nome o bairro do barrocão.
O asfalto sepultou os trilhos da rua Bela,
o tempo mudou o nome da rua Estrela.
E num recanto perdido da memória
a lembrança viva da rua Glória.
Um dia mudarão todos os nomes,
e a cidade ficará perdida
procurando suas ruas mortas.
Herculano Moraes
em SECA, ENCHENTE, SOLIDÃO
Editora EMMA: Porto Alegre, 1977
LENDAS, Clóvis Moura
Chegam lendas, chegam lendas,
lacustres lendas, telúricas
lendas renascem na noite.
Acordamos assustados
(somos apenas crianças)
e vemos pela janela
milhões de bichos na noite.
Vem o Cabeça de Cuia
dançando de madrugada,
vem a moça que morreu
no Parnaíba afogada:
com o seu vestido de noiva
que não pôde ser usado.
Os espíritos que puxam
carros cheios de correntes.
E os tesouros enterrados
pelos avós decadentes...
E os avisos dos amigos
que morreram de repente...
E o homem que virou bicho
porque bateu na semente...
Chegam lendas, chegam lendas
com seu ritmos de renda.
Acordamos: nem a vela
que deixamos encontramos,
Os sapos estão gelados
pelo mistério das lendas.
E os benditos dos finados
cantados solenemente
cortam o deslumbre da noite
e causam suor na gente
(somos apenas meninos
na madrugada que treme).
Clóvis Moura
em "Argila da Memória" (1962)
TRAVESSIA
I
pela cidade
entre colunas
terça-feira
pálidos todos
pálidos sentidos
II
voltado ao sol
escarlate rosto
árido
fulgidia busca
anjo em calma
ligado ao mundo
em SÁBADO ÁRIDO
Teresina: 1985
A CIDADE EM CHAMAS - Poema Trágico de Um Crime Impune
aos "filhos de ninguém", personagens desta história,
heróis da cidade destruída e vítimas do ódio,
da especulação imobiliária e da maldade dos homens
PRIMEIRO MOVIMENTO
Teresina chora
I
Tremeram as palhas da cidade
na loucura de 41
amanhecera
era noite nas sarjetas da mente
e queimava o brilho de estandartes
subiram ruas e era triste a vida
disseram alegrias e não chegaram
todos pediam ação
no muros, nos papéis
nas esteiras-camas
no silêncio da polícia
e na certeza
todos pediam ação
e era cedo
e era longe
mais que perto se fez o tormento
e das palhas ao vento se viu a vida
entre corpos, entre mentiras
lágrimas, potes, trapos
e todos queriam ação
a mesma ação de peso
a loucura da satisfação
amanhecera!
é necessário insistir; amanhecera
e cada pingo desse inverno
caía como punhal em cada dor
a chuva, o frio, o cobertor
a palha era o teto de sossego
e já não se podia pensar
e já não se permitia verdade
era ela, magra na escuridão das águas
triste no chorar dos céus
que gemia
era ela, na eterna espera
nos tormentos seus
que se quedava em Karnak
era ela, a criança Teresina
omissa nas brasas dos baús
nos ossos dos perdidos
nas carnes de Luzia
que se via violentada
e era ela, mais do que tudo era ela
na eleição dos seus líderes
na aceitação da imposição
que clamara piedae
amanhecera
e cresciam os dias
e nem mesmo a insistente chuva
nem mesmo a solidão do cais
fizeram de Evilásio Vilanova
a paralisação do gesto
é que do medo dos casebres
se formou a gana
a tara de se ter presente
o suplício de um tempo
e do Parnaíba, as águas eram cheias
e de Getúlio, a força era tudo
pois era glória...
o tempo todo lhe rendiam palmas
se pelas ruas da pobreza
serpenteiam chicotadas
carrega o fardo da miséria
sufoca o apelo da terra
fazendo pouco o cismar dos dias
em meio ao tormento da desilusão
e por mais que emudecessem as cinzas
ficou marcada a história dessas vidas
em que se baseou essa vergonha
- chega!
basta a dor desse dia negro
(basta dessa "chuva" maldita)
começara!
raiou o claro em pingos dessa trama
pediu - trágico - a trágica forma
fez-se agora o labirinto
e não bastaram os gritos dos afoitos
é que estamos em terra firme
em meio a agonia
no mandato de alegoria
na estrutura de um torpe Brasil
como em ti perto
como em ti morte
mata - geme - sofre
é dia
e a chuva grita contra os deuses
mas não se decidia a tempo
essa loucura é antiga
é espada rasgando o ventre
é espera de mil séculos
é verdade de agora
e és tu, só tu, Teresina
que de dentro das chamas
nos abre o véu do tormento
dessa angústia presente
que destrói a grande luta
e nem Evilásio
nem Leônidas
nem vida, nem morte
nem medo, nem Luzia
nem Mathias
nem nada
te fez esquecida
é que hoje começara
e tua vida queima dolente
era um tempo de dor
e por aqueles dias o fantasma do calor
rondava casebres de palha
e não se sabia a que momento
se manisfestria as garras da covardia
e enquanto se lamentava nas ruas do Mafuá
já se previam a indecisão de ser
já se tramavam nos gabinetes
o passo da piromania
os jornais escreveram tantas estórias
e do grito da oposição
nada abalava a marcha
dos troncos idos e dos marginais
em busca de mentira, crime e ódio
a brasa,o solo
o tempo, a mão
o escuro, o claro
o dia - ação
encapuzados empunharam tochas
e o sono dos infelizes seres
interrompeu-se
e de dentro da fumaça
o tossir sem rumos, o chorar das mães
- o rádio, o baú de roupas, a bilheira
meu filho, Deus, meu filho é cinzas
de mais distante nas perdidas horas
o fumo sobe - Teresina implora
por mais distante dos tempos de agora
a pira surge - Teresina cora
e por mais distante das perdidas horas
a "chuva" espalha-se - Teresina chora
chora, chora
chora
chora
a "chuva" queima
Teresina chora.
Afonso Lima
em A CIDADE EM CHAMAS - Poema Trágico de Um Crime Impune
PRIMEIRO MOVIMENTO: Teresina chora, I
Teresina: Multiservice, 2010
MENINO
Ronaldo era um menino triste:
colecionava figurinhas
e histórias em quadrinhos.
Contava nos dedos magros os dias
da semana, na espera dos sábados.
Quando lia as histórias em quadrinhos,
sonhava com os voos do super-homem.
Ronaldo saiu numa terça-feira, dizem,
à caça de aventuras.
Virou manchete,
andou na boca do povo.
Foi encontrado morto, numa manhã comum,
solitário, no necrotério do HGV.
Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982
VIDA NOTURNA
Caminho por uma rua de ausências
pálido de medo do tempo
e das notícias dos jornais.
Esta grande noite que vivemos
nos ensina a temer as esquinas.
Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982
NOTÍCIAS ESPARSAS
Dos países longíquos
chegam notícias de amor e morte.
Na rua onde moro,
neste momento, há quem jogue cartas,
desfira socos em canalhas, cometa adultério,
morra de tédio.
(Muitas Coisas estão em minha rua,
não em mim)
Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982
O TREM
Nenhum segredo há de ser violado
com a inesperada passagem
do trem com sua fúria.
O trem passa ao lado
dos que sobrevivem nas palafitas
às margens da estrada-de-ferro,
levando o pesadelo dos homens
em suas engrenagens de pânico.
Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982
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