"A CIDADE SUBSTITUÍDA", por H. Dobal




Ao lado do silêncio 
das torres de Santo Antônio, 
um poeta anônimo prepara 
um sermão inútil. 
Denuncio a mim mesmo 
a indiferença do Maranhão. 
Falo às paredes, aos peixes, 
a quem jamais repetirá as minhas palavras. 
Condeno em silêncio 
os que se uniram ao tempo 
contra a beleza desta cidade. 
Nesta praça esquecida 
não dura mais a memória 
de Antônio Vieira e de Antônio Lobo. 
Toda memória vai-se perdendo.
Sem música, sem palavras, 
preparo um réquiem.
Pranteio esta cidade, 
substituída por outra 
estranha ao seu passado.



A Cidade Substituída
Teresina, Oficina da Palavra: 2007


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