ESTIGMAS, Carvalho Neto
devolva
meus sapatos rotos
que já não tenho estradas sem fim.
devolva o ciclo dos ventos
onde jovens valsavam suas esperanças
e risos
ao sabor das águas e dos mitos
flores de beira rio.
devolva as escrituras
não as do mar morto
as gravadas na cerâmica
bela e frágil
do poti velho.
devolva o princípio mágico
o verbo, o poema.
Carvalho Neto
em REVISTA PRESENÇA
Ano XXI, número 35, Teresina, 2006