Mostrando postagens com marcador três andares. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador três andares. Mostrar todas as postagens

12.1.16

AS SUBURBANAS




Passeia no Subúrbio
meu Ócio. Dominga
paisagem. Distúrbio,
quitanda/pinga.
   Morre eletrocutado
operário na Ininga.


Segue o seu passeio o Ócio
tranquilo em sua ociedade.
Vê sapateiro com bócio,
casas de "caridade",
seguem Cachorra e Ócio
nos Subúrbios da Cidade.


Meu Ócio em cio-Cachorra
passeia a pé.
anda que nem a porra
no Itararé.
vê o velho povo
e a zorra.


Passa nos Três Andares
meu doce Ócio, meu bem,
e ali não há cismares ~
se conversa terra/mares,
a loucura dos Palmares,
a influência dos teares,
a via cega dos ares ~
cousas que nada têm.


Na Suburbana Redenção
passam o Ócio e a Cachorra ~
noturna caravana (Lei Arras)
pague-se de todo o coração
ao poeta~corretor a comissão ~
diz a cachorra e desamarra
o malote das costas e dá a mão
digo, a pata, ao Poeta e sarra
papo tantos de ilhas, penínsulas,
                        araras.
Tomam cervejas, canas, nessa rota,
   o Poeta se lembra que tem gota,
por fim, enfim, foi boa a farra.


Danado, corre e se persegue
como cachorro atrás do rabo.
Segue na frente e se segue ~
   é pouco de Deus e diabo.
Diz ter um livro no prelo,
   desliza liso em quiabo,
ignorante, doido e brabo,
passa no Monte Castelo.


Chega no Promorar
depois de passar no Saci
e ali não quis ficar,
conversa daqui,
conversa de lá,
come biscoito Pilar,
laranja Cliper
e a Cliper já não há,
entretanto, cabreiro, em pé,
toma café.


Pensa também Fratelli~vita
indo ao Parque Piauí,
(Fratelli~Vita não há.
O que é Fratelli~Vita?) ~
A Cachorra lhe pergunta.
Toma um gole de birita
Pernambuco Autoviária
Lhe surge à alma precária,
se lembra do Bongí
                          Camaragi
                                   be
                           Capibari
                                   be
                              Beber
                                  ibe


Saltando de bar em bar
poisaram no Encruzilhada.
Noturnamente madrugada,
mas Maury ali está
e mete cachaça neles
e pede para fechar.
O Ócio começa a chorar,
lembra do seu bom papá
da sua boa mamã,
também lembra da babá,
tem saudades da titia,
promete voltar um dia,
se piram pro Mafuá.


Descem no Mafuá
e voam para o Marquês
(direito de ir e vir.)
O Ócio doce, cortês,
declama os versos de Inês,
filosofa do porvir.
Pula o Ócio, pula pula
de alegria, cachaça, imbu,
se transforma numa mula,
(siriguela, tanja, caju,)
ali o bom pulula.
Pílula no Povo!
                      Pílula!


Vão à casa do Jair,
a Cachorra, já sem prumo,
resolveu tomar seu rumo
e dali se despedir.
Ócio sozinho se comove,
toma vat 69,
        tira gosto com couve,
delicia-se com Beethoven,
        tratado tal como Sir,
        pede para sair.


Depois de tanto trabalho,
Ócio sai do Itaperu,
Lembrando Caruaru,
que ali tomou Pitu,
e passa pelas "Malvinas",
vê um carro da Eturb,
(adeus, adeus, Primavera!)
devagar passa da ponte,
Nós e Elis lá defronte,
bebe um gim com vermouth
e chega ao Jóquei Clube.


Pois, bom, dali pra frente
mais nada o menino viu.
Não viu nem um navio
e ficou a ver navio.
(Menino de alma assanhada!)
Mas ali de tudo havia
e isto o menino via.
(Avia, rapaz, avia!),
uma via é uma via!
~ Ali não havia NADA.




em NOS SUBÚRBIOS DO ÓCIO (1996)