"A FACE VULGAR", por H. Dobal




Esta cidade 
mostrou à morte a sua face de azulejos.
O tempo, sua doença incurável, 
desfigura as velhas fachadas,
derruba os campanários, 
destrói os telhados desiguais. 
O tempo, maré que não reflui, 
desgasta esta cidade. 
Desvenda os túneis debaixo das igrejas, 
deforma a pura cantaria dos janelões.
Esta cidade oferece à morte 
a sua face de azulejos.
E a morte, plástica, 
lhe prepara uma face vulgar, 
pior do que o nada.



A Cidade Substituída
Teresina, Oficina da Palavra: 2007


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