"A FACE VULGAR", por H. Dobal
mostrou à morte a sua face de azulejos.
O tempo, sua doença incurável,
desfigura as velhas fachadas,
derruba os campanários,
destrói os telhados desiguais.
O tempo, maré que não reflui,
desgasta esta cidade.
Desvenda os túneis debaixo das igrejas,
deforma a pura cantaria dos janelões.
Esta cidade oferece à morte
a sua face de azulejos.
E a morte, plástica,
lhe prepara uma face vulgar,
pior do que o nada.
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