"CORTEJO", por Regis de Moraes Marinho




Boiando nas águas turvas,
jaz
para nunca mais
um cadáver no leito
do Poty.

Mas ninguém o vê
ali,
entre plânctons sem-fim
transbordando
da lama do Poty.

Foi vítima talvez de
homicídio,
talvez de si.
Sei que está morto e voga
no pútrido Poty.

O que esse cadáver diz
de si
faz pouca diferença:
é um finado
dentro do findo Poty.

Corre no leito morto
do Poty
algo mais que um cadáver...
Talvez seja o fúnebre cortejo
duma extinta sociedade.



Regis de Moraes Marinho
Inédito em livro


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