"BAR TORQUATO NETO", por Rodrigo Lobo Damasceno


para Gustavo


            à beira do parnaíba, lá pra cima,

um vampiro, sozinho e bêbado, passeia por teresina

            – triste nosferatu

            nordestino

            afeito

            ao trópico –

seu grito faz eco no espaço aberto do viaduto do chá

sabemos que chove

e em são paulo

ninguém te dá

boas-vindas

            mas a revolução

se chama nordeste

e é feroz

            e infinita –

no coração machucado da anarquia,

pra além do comércio das almas

            dos corpos

das armas

            das drogas,

um galo canta

e tece e incendeia o dia,

e nas calçadas – agora –

            (à beira das ruas
            
            dos bares

            e das revoltas),

dentro de nós

há de ser

o lado

de fora




Rodrigo Lobo Damasceno, em
Casa do Norte


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