O grito e o rio, por William Melo Soares
Não há nada de novo
na ordem do dia:
nem um sinal de alegria
nem um cheiro de esperança.
o grito de gol é de alegria
o ar que se respira é venenoso
a noite traga os bêbados
e as putas da paissandu
e ao mesmo tempo
o rio está morrendo
o rio está morrendo
o rio está morrendo
lentamente como o homem
com o cansaço do seu peso
na trincheira do seu medo
E não há nada de novo
na ordem do dia
nem um sinal de alegria
(por motivo de força maior)
nem um cheiro de esperança.
William Melo Soares
O rio: antologia poética
Teresina: Edições Corisco, 1980
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por comentar!