RIO QUE DESÁGUA NO CORAÇÃO, Nelson Nunes
Rio, vida que corre lânguida
e incansavelmente banha a terra
e a alma do povo que te chama Parnaíba
Rio, de onde nasces e por onde vens
avolumando-te, cavando no chão o teu
leito
vens, também, cravando na terra o
nosso destino
Eu, minúscula embarcação, quando te
navego hoje
e no afago de tuas águas serenas e
calmas
sinto as mãos do velho Monge cansado
de perdoar
vou, pouco a pouco, perdendo a
esperança
a fé, que nas pedras teu limo ajudou a
cultivar,
de que os homens te deixarão
envelhecer em paz.
Nelson Nunes
em O RIO – Antologia Poética
Edições Corisco, 1980