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20.1.16

VIDA NOTURNA




Caminho por uma rua de ausências
pálido de medo do tempo
e das notícias dos jornais.
Esta grande noite que vivemos
nos ensina a temer as esquinas.



Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982

NOTÍCIAS ESPARSAS




Dos países longíquos
chegam notícias de amor e morte.

Na rua onde moro,
neste momento, há quem jogue cartas,

desfira socos em canalhas, cometa adultério,
morra de tédio.

(Muitas Coisas estão em minha rua,
não em mim)



Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982

11.10.15

SAÍ PARA COMPRAR PÃES, Rodrigo M Leite


rua do mercado fora de época do parque piauí
domingo, após o almoço
tomates apodrecem
a rua é um rio
que destrincha um bairro
em vários bairros
rua da casa da avó paterna
de relance, na esquina
um cavalo elegante branco
brilha sozinho
rua da locadora de videogames do sena
ou rua da igreja
um gato atropelado
incrustado no calçamento

________________________[urubus ao alho
________________________e óleo

Rodrigo M Leite
em A Cidade Frita Ilustrada
Teresina: 2016

1.8.15

"É necessário abrir os olhos."




É necessário abrir os olhos. Andergraunde é isto aí, que você está pisando em cima. É preciso abrir o corpo. Principalmente a boca. Não pra falar. Mas pra comer e beber desta ceia que é talvez a última. Minha gente a coisa é fácil. Mais do que nunca os olhos vão ser úteis. Olhar o mar daqui [Teresina], o Parnaíba, lá pela cinco. Pensar besteiras maiores. E ver que a razão ficou atrás. Olhe! lá vai ela nos pneus que aquele meninos rodam pela rua.



Carlos Galvão
Jornal O Estado
Suplemento Dominical Estado Interessante, nº 1
Teresina 26 de Março de 1972

29.7.15

CÃO SEM DONA




Alguém aí acaso achou os passos que perdi
Nas ruas escaldantes de Teresina?

Esse endereço anotado em letra trêmula
É de quem, de qual cidade, de que país?

O coração que ofegante segue os passos
Impunemente no meu peito inda é meu?

Ou desse uivo que se lança na direção da lua
Gritando em desespero o nome dela?



Climério Ferreira
em Piauinauta

22.10.13

RASTROS #3, por Rubervam Du Nascimento



manhã raivosa no jornal
menino filho da rua
degolou outro menino
por causa de uma bola

silêncio na cidade
égua cega no cio
sem sair do sobrado
venceu jogo no grito

não tem jeito a morte
continua com a face fria
grave mal o abandono
que aflige nossos dias



Rubervam Du Nascimento
em Os cavalos de Dom Ruffato
Recife: Fundação de cultura da cidade do Recife, 2005


17.10.13

DA CIDADE I




o poeta sobidesce
um arranha céus
outro caminho torto
na rua
espias casas

há um visível con
traste
entre o que é e o estar:
existir por cisma
já não vinga!




em Percurso do verbo
Teresina: 1987

16.10.13

LUA RUA




O poema concreto Lua Rua apresenta graficamente características do quadrilátero original da planta do projeto urbanístico concebido, no meado do século XIX, para a cidade a ser construída à margem direita do rio Parnaíba. Na concepção do poema, foram levantadas informações históricas e culturais relacionadas à contribuição dos escravos negros ladinos à construção da cidade de Teresina, trazidos das fazendas de criação de bois e cavalos, instaladas no Vale do Rio Canindé. (Paulo Machado via blogue do artista plástico Amaral)