23.1.18

Dobal, Graça Vilhena


a lembrança de ti vara o silêncio
no longínquo espaço das ausências

em que taça, poeta, bebes agora as luzes
que desejas?

meu coração é um pássaro
alongando o céu das incertezas

posso supor que onde estás
germinem sóis
e só é possível ser feliz
que possas andar solto
ouvindo conchas, tecendo brisas
para pescar teus novos peixes
ou que os poemas sejam constelações
onde as palavras explodem
na intimidade dos segredos

suponho também
que possas se quiser
ser menino outra vez
e brincar na sala dos espelhos

mas são apenas suposições
de certo sei dos versos que ficaram
no verde campo das eternuras
onde o tempo esquece seus degraus


Graça Vilhena
em PEDRA DE CANTARIA
Teresina, Nova Aliança e Entretextos, 2013