o olho em falso vacila na transversal:
no cheiro do medo, o faro desmedido
no horizonte, uma procissão de pássaros fosforescentes
há sol em cada canto do dia e os orixás fazem poemas-crianças
modigliani montado em um ganso
alimenta os peixes com a estranha beleza de suas mulheres.
uma tempestade de insônias sopra nos olhos:
os faróis acendem uma cadeia de mandíbulas
os vestidos caem do céu no museu-retina-de-porcelana
uma filha de lilith rola à beira do lago das danações
grandes doses de pílulas de café são dadas às estátuas da cidade e
baudelaire translúcido flana na rua do hospício.
– os corações saltam de pára-quedas
e os turistas fazem festas nos cartões-postais do fim do mundo.
Demetrios Galvão
em Insólito
Fortaleza: Editora Corsário, 2011
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