20.4.12

SEMELHANÇA




O rio é como a gente,
se vai o tempo inteiro.

Sempre está ali:
à margem de nós,

passando.



Laerte Magalhães
Um ponto fora da curva 
Teresina: 2007

15.4.12

TRISTEESINA




luzes azuis cal-
                      cinantes
Vermelha
Cajueiros
Buraco da Velha
Baixa do Chicão
Barrocão
bairros da zona sul
       - de minha infância ...
tapete quadriculado
ruas planejadas na
                Chapada do Corisco:
risco vento balão de São João...
ruas de ruas
                        barros
                                     rocas
 caminhos
                    feitos
                                  (des)encontros
meta-
               morfoseados:
                                            tristes
                                                           resina



Marcos Freitas
em Urdidura de sonhos e assombros
Poemas escolhidos (2003 – 2007)
Rio de Janeiro: CBJE, 2010

10.4.12

VISTA DE TIMON, por Francisco Miguel de Moura



Onde o teu verde olhar, mulher?
No corpo não, nos olhos não.
Quanto asfalto, lixo, TV, esgoto, favela.
Prédios do INPS (agora INAMPS), do Hotel (Luxor)
Piauí e da Associação Comer-cia(I), entre
- mangueiras que não dão mangas -
perdido a gente se vê.

Do lado de cá te olhando
Como se admira um postal
bem nos olhos esta canção
senti.
Canção menor, de amor de mais
de quinze anos e um filho,
e dos dias já vencidos.

Volto a fita dos meus sonhos,
Ponho-me no âmago Poti/Parnaíba,
bem onde as águas se irmanam escuras

e os desejos se perdem,
e me declaro réu:
- Narciso em teus espelhos.



Francisco Miguel de Moura
em 145 anos: Teresina cidade futuro
Teresina: FCMC, 1997